domingo, 27 de junho de 2010

MÚSICA DO DIA




WAITING ON THE WORLD TO CHANGE - JOHN MAYER


Eu e todos os meus amigos
Estamos sendo mal compreendidos
Eles dizem que nós resistimos por nada, e
Não há nenhum caminho possível
Agora nós vemos tudo que está indo errado
Com o mundo e seus líderes
Nós apenas sentimos que não temos um caminho...
Para passar por cima e acabar com tudo isso

Então continuamos esperando
Esperando o mundo mudar
Continuamos na espera
Esperando o mundo mudar

É difícil vencer o sistema
Quando estamos tão distantes
Então continuamos esperando
Esperando o mundo mudar

Agora se tivéssemos o poder
De trazer para casa nossos vizinhos da guerra
Eles poderiam nunca ter perdido um Natal
Sem mais fitas em suas portas
E quando você acredita na sua TeleVisão
O que você vê é o que você tem
Porque quando eles compram a informação, oh
Eles podem distorce-la do jeito que quiserem

Por isso nós estamos esperando
Esperando o mundo mudar
Nós continuamos na espera
Esperando o mundo mudar

Não é que nós não nos importamos
Nós apenas sabemos que a luta é injusta
Então continuamos esperando
Esperando o mundo mudar

Nós ainda estamos esperando
Eperando o mundo mudar
Nós continuamos na espera
Esperando o mundo mudar
Um dia nossa geração...
Irá comandar a população

Então continuamos esperando
Esperando o mundo mudar
Então continuamos esperando
Esperando o mundo mudar
Esperando o mundo mudar

Esperando o mundo mudar
Esperando o mundo mudar
Esperando o mundo mudar
Esperando o mundo mudar

quinta-feira, 24 de junho de 2010

TEMPO
















A mim que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem
amaria chamar-se Eliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte de julho
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.




ADÉLIA PRADO escreve no ano em que completa 40 anos este belíssimo e delicioso poema intrigante e desafiador. "Quero a fome."!!

INTERROGAÇÃO














Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem-me roucos brados à garganta
Num clamor de loucura que contenho.

Ó alma da charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
Dize para onde eu vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me alevanta!

Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!

Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra…
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!



FLORBELA ESPANCA

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mensagem do dia

" Se as coisas são inatingíveis...ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!"



MÁRIO QUITANA

domingo, 13 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

UMA MENSAGEM DO QUITANA


















A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,

pois a única falta que terá,

será desse tempo que infelizmente não voltará mais.




MÁRIO QUITANA






NOTA DO EDITOR: Uma amiga me mandou um e-mail com este pequeno, tão fantástico e verdadeiro texto. Porém ele ainda ficou um tempão em minha caixa de entrada esperando pra ser lido com a desculpa de que eu não tinha tempo pra ler. Irônico, e fantástico afirmo mais uma vez. A gente acaba fazendo sem pensar nossas tarefas do dia-a-dia como se estivéssimos no automático e às vezes nem um bom dia, nem uma conversa descontraída que o outro tanto precisa. Às vezes até nós mesmos precisamos. Aqui tá um convite. Um convite para termos tempo pros nossos entes queridos, pros nossos amigos, pra nós, pra quem amamos, enfim. Finalizando a la Gonzaguinha: "Viver e não ter a vegonha de ser feliz"!!! Nem deixar que a pressa não nos deixe viver.

Cláudio Mattos

terça-feira, 1 de junho de 2010


FERNANDO SABINO



_ Como vai indo seu marido, que há tanto tempo não vejo?

_ Meu marido morreu há dois anos, o senhor não sabia?

Cumprida a primeira parte da gafe, saio impávido para a segunda:

_ Que coisa terrível, eu não sabia! Me desculpe, mas andei viajando...

E não tendo mais o que dizer, repito para o cavalheiro que a acompanha:

_ Terrível, não acha?

Mas ele não pensa assim:

_ Não acho não: sou o atual marido dela.

A consciência de que a gafe em geral se compõe de duas partes distintas. Ficar sempre na primeira, jamais tentar consertar. Ao contrário da Loteria Federal, não insista, desista! Eis o que eu, empedernido praticante, tenho a aconselhar aos meus companheiros de infortúnio. A gafe é vertiginosa e se faz anteceder de uma espécie de aviso, antecipa-se na sensação de que caminhamos no ar, como num desenho animado:

_ Como foi bom encontrar você! Eu já estava achando esta festa chatíssima. Vamos embora daqui?

_ Não posso, sou a dona da casa.

Ou esta outra, mais comum ainda:

_ Com aquela mulher ali eu não dormia nem de graça.

_ Aquela mulher ali é a minha esposa.

Se o infeliz acrescentar que neste caso dormia sim, não estará apenas caindo de quatro: estará se precipitando no abismo da mais imperdoável inconveniência, que vem a ser a repetição literal de uma velha anedota.
São gafes tradicionais, decorrentes em geral das relações de parentesco ou dos encontros de circunstância, a que os mais insensatos como eu raramente escapam. Não há como resistir ao poder magnético dos assuntos traiçoeiros, que vão espalhando armadilhas a cada passo, e nos levam sempre a falar em corda justamente na casa do enforcado.
Se sabemos que a gafe é irreversível, por que tentamos teimosamente remendá-la, afundando-nos cada vez mais?
É que ela nem ao menos é sincera. Fôssemos autênticos e verazes na convivência, a gafe se desarmaria ao peso de sua própria legitimidade. E deixaria de ser gafe.
Fois essa, pelo menos, a solução encontrada por um amigo meu, vítima também dessa maldita sina, e que ontem me dizia ter-se conformado, passando a praticá-la deliberadamente.

_ Você é parente dele? Que horror!

_ Morreu? Meus parabéns.

_ Não sei como você, tão simpática, pode ter um marido tão chato.

_ Fui cair logo ao seu lado neste banquete, mas veja só que azar o meu.

_ Aliás, pelo que eu soube, a senhora não é tão velha quanto parece.

_ Não aguentei ler até o fim. Ah, foi o senhor que escreveu? E ainda tem coragem de confessar?

Com isso ele passou a ser considerado homem do mais fino espírito – excêntrico, desconcertante, é verdade – mas de esmerada educação. Apesar de tudo, outro dia recebeu o troco que lhe era devido, funcionando desta vez como receptor de uma gafe, ao dizer a uma jovem que está escrevendo um romance: a história de um mau-caráter. E ela, inocentemente:

_ Autobiográfico?




SABINO, Fernando. Ocasiões de ficar calado. In: Contos e Crônicas. no 3. 1998. Coleção O Dia Livros.